sereias
palco pátio
22h
27 set
Enquanto o país arde de tédio, as Sereias mergu-
lham de vez no jazz-punk que promete ser hino de
uma campanha que urge trazer para as ruas. No
centro a poesia mordaz de A. Pedro Ribeiro, poeta
maldito, anarquista, ex-candidato a Presidente da
República, em choque constante com os ambientes
turvos, electrónicos e imersivos dos mascadores
sónicos que o acompanham. Em disco colocaram o
“País a Arder”, atirando-nos, num só golpe, para o
divã. E como o Portugal artístico precisava disso!
Este é um tratado político, social e filosófico, num
tempo em que tudo isso corresponde a uma afronta
ao “status quo”, ao grande mestre. Escrito com uma
violência enganadora, nas entrelinhas da provoca-
ção, na epiderme de uma couraça onde se pode
bater à vontade. Não só nas letras, mas também na
música. Neste formato avantgarde, punk, free jazz e
post-rock que provoca a erupção voluntária de senti-
dos, na liberdade da execução e na negação dessa
mesma postura convencional. Uma (in)disciplina
“zappliana” que nos leva para os territórios de This
Heat, Pere Ubu ou The Fall. E se os discos repre-
sentam uma audácia aviltante nessa multiplicidade
de perfis, a “praxis” ao vivo é não só direta, intem-
pestiva como canibal e exasperante. O equilíbrio
mantém-se à base dos extremos e tão desconfortá-
veis no palco se parecem, que acabam por manter o
foco no público.